quinta-feira, 3 de maio de 2012

Inevitar

O som daquela voz tinha textura. Aquele beijo tinha cor. Aquele cheiro tinha sabor.
E só o que restou foi meu corpo solitário e minha mente vagando nesse apartamento que era tão nosso, mas agora é tanta solidão estampada em cada móvel, em cada sombra, em cada canto.
Saiu da minha vida assim, descalça, delicada pra não me acordar desse sonho. Mas uma hora eu tinha que levantar da cama e perceber a sua ausência.
Meu bem, adiar o inevitável é inevitar a dor.
Suas pegadas estão por toda parte.

Vou embora da nossa ex-morada, da nossa ex-história, desses rostos que perguntarão por você amanhã e depois e depois e eu não conseguirei responder por que aquele conhecido nó não vai deixar de forma alguma. 
Vou embora dessa cidade. Desse país, quem sabe.
Vou embora dessa dor.
Como se não soubesse que ela vai sempre encontrar um canto na mala.






Tanny Pontes


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