Respeita minha dor.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Me deixa
Ódio
Otário.
Retrato pra Iaiá (8)
Alô
Sono tranqüilo atrapalhado pelo tímido barulho quase surdo, quase mudo, do celular vibrando.
- Oi ?
- Oi Tanny, sou eu!
Uau.. Nesse momento o sono é interrompido com uma metralhada de balas e sustos. Incompreensões, sensações enigmáticas gostosas e perigosas.
- Nossa, que surpresa. Como você ta?
- Com saudades.
Ela está com saudades, e simplesmente me liga. Claro, pra ela deve ser tão mais simples. Saudade boa, saudade normal... Dessas que a gente mata discando um numero e iniciando uma conversa saudável. Nossas saudades são tão distintas, tão distantes. A minha saudade é muda, é doentia, é doída de mais. Daquelas que quanto mais se sente, mais se guarda. Quanto mais se quer matar, mas finge que não existe. É o tipo de saudade mais difícil de lidar. É saudade com pitada de amor, e pedaços de querer ir atrás.
- Eu estou bem, e você?
- Também! Quando nos veremos novamente?
Ela quer me ver de novo.. e consegue verbalizar isso. Me impressiona a facilidade que ela tem de dizer isso assim, sem me preparar primeiro. Ah, é claro.. esqueci que ninguém a visou sobre o meu amor e minhas tentativas resguardadas de não largar tudo e ir pra lá. Eu fui o amor de verão dela, e ela foi o amor da minha vida. Essa é, então, a parte que eu finjo descaradamente que ela também foi meu amor de verão e nada mais. Espero que ela não possa ouvir do outro lado da linha as batidas frenéticas do meu coração tímido e com medo do abismo que se aproxima a cada palavra soletrada por aquela voz. Ela quer me ver, ela quer me ver... Ela quer me ver, depois de tanto tempo e tanto silêncio. Ela quer simplesmente me ver. Como se não fosse uma tarefa difícil. Será que e tenho peito para um reencontro? E se isso despertar tantos outros sentimentos quase adormecidos após doses e doses de valium, noites conturbadas e travesseiros molhados? Minha cama está girando ou é impressão minha? Ela está do outro lado da linha, ou é mais um devaneio? Será que eu poderia ter alguma resposta do que fazer? De alguma voz do além, de meu subconsciente?
Ela quer me ver...
Ela quer me ver...
- Ah,quando você quiser.
Tanny Pontes
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Morte.
Rir nunca pareceu tão difícil. Chorar nunca foi tão fácil. Não sei o que aconteceu comigo e toda a minha pose de durona após sua partida. Não sei porque me deixou aqui nesse mundo. Entre tantas pessoas ridículas e filhas da puta fazendo coisas vergonhosas por aí, por quê logo você partiu assim? Está no céu agora? Manda noticias vai.. Sopra aqui no meu pescoço, faz cair uma chuva com seu cheiro, escreve seu nome na janela.
Eu não me assusto, prometo.
Mas faz isso logo.. que essa dor tá insuportável.
Espera
Ou existir.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Papai Noel
Sei que o momento é de comemorar o nascimento de um pivete qualquer que entrou pra história do mundo aí, e não de falar em morte. Mas na hora da minha morte, Papai Noel, eu quero ver o rosto de cada um, e sentir o cheiro guardado na memória, pra ter a morte mais feliz e satisfeita de todos os tempos.
Entendeu né Papai Noel? Espero que você não esteja caducando, porque esse meu pedido é muito especial pra ser incompreendido.
Beijos pra você, bom velhinho.
Tanny Pontes
O mapa
Você tem um leque enorme de opções de coisas que poderia querer, mas joga todas pro alto e escolhe justamente me entender?
Desculpa, mas isso é impossível por "n" motivos. É impossível por que ninguém na história da humanidade vai conseguir,por que eu sou um jogo complicado, que ora falta peças, ora sobram, ora entendia, e ora imobiliza de tão chamativo. É impossível por que se algum dia alguém me entender, eu deixarei de existir, por que o que me materializa são as minhas incertezas e incompreensões.É impossível por que se você conseguir, eu estaria deixando de ser a parte de mim que é enigmática...logo, eu, já não seria eu, e você estaria desvendando outra pessoa. É impossível por que pra você me compreender, eu teria que me compreender primeiro. E se um dia eu conseguir essa proeza, com certeza não seria com você que eu compartilharia. Sabe por que?
Por que por mais que você seja especial e eu goste um tantão de como você me faz sentir, você não é tanto assim pra merecer o mapa da mina.
Tanny Pontes
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Dor
- Quem é você?
- Eu sou a dor que corta que grita que pede.
A dor que tem vida própria e se alimenta do inconsciente.
Eu sou a dor que dá nos fortes e nos fracos, nos novos e nos velhos, nos homens e nas mulheres,nas horas fáceis e nas improváveis.
Eu sou a dor que existe por si mesma, fora de qualquer convenção.
Eu sou a dor que quanto mais se afaga mais se aninha.
Sou a dor mais teimosa, e a teimosia mais doída.
Eu sou o maior sinônimo de mim mesma.
Eu nunca venho desacompanhada.
Nunca deixo um ser ileso.
Nunca fui simples, nunca serei.
Nunca passei sem deixar rastros.
Nunca cheguei com aviso prévio.
Eu sou “DOR” no sentido mais intrínseco da palavra e do sentir.
Eu sou a dor de amar.
- Você me faz muito mal.. Vai embora por favor.
- Desculpa, mas você não me deixa ir por que sou sua única companhia agora.
Tanny Pontes
domingo, 13 de novembro de 2011
Amor
Gostaria de entender por que um ser racional alimenta tanto uma dor, um sentimento auto-destrutivo, consciente dos possíveis resultados não desejados. Talvez não sejamos tão racionais assim. Nós o nomeamos, estudamos, catalogamos, exploramos, escrevemos livros sobre ele, no entanto somos reféns de todos os seus males.
Gostaria de entender como um sentimento, logicamente abstrato,como esse, assim sem forma, sem limites físicos, fere tanto a alma e ainda descontente com os estragos deixados, chega a machucar no corpo,ferir a carne. Às vezes posso jurar que o amor me belisca, e que quanto mais meu corpo se adapta a isso, mais ele dilacera, martela, agride de todas as formas imagináveis. Quer testar meus limites. Todos eles. Não seria o amor, um objeto de tortura?
Provavelmente seja psicológico.. mas quando sofro de amor, meus sistema imunológico parece desmoronar como um castelo de areia.. na mesma rapidez dos meus planos desfeitos. Dói cada pedacinho do meu corpo timidamente encolhido no menor espaço possível da cama. Dói não poder sumir, ou fazer alguém aparecer. Dói não saber o quanto se pode suportar, e estar a cada machucado mais perto do abismo. Dói respirar. Dói até pensar..
Como pode doer pensar? Só o amor mesmo tem essas coisas inexplicáveis, e essas dores silenciosas, que machucam sem deixar hematomas, e matam sem de fato matar.
Tanny Pontes
Pessoas
Não é questão simplesmente de não saber escolher. O fato é que realmente eu devo ter o dedo podre pra isso. Não funciona. Vou direto às que vem com defeito de fábrica. Parece que elas me chamam, prendem a atenção, como uma propaganda enganosa que enche os olhos do espectador, pra logo em seguida frustrar todas as expectativas sem o mínimo pudor.
Quanto maior a minha certeza de que fiz a escolha certa, maior é a decepção. É totalmente proporcional, e acontece vezes e mais vezes seguidas.
Cansei de escolher.
Vou apenas deixar que me escolham. Ou não.
E aceitar minha condição de solidão.