
Respeita minha dor.
Respeita minha dor.
- Quem é você?
- Eu sou a dor que corta que grita que pede.
A dor que tem vida própria e se alimenta do inconsciente.
Eu sou a dor que dá nos fortes e nos fracos, nos novos e nos velhos, nos homens e nas mulheres,nas horas fáceis e nas improváveis.
Eu sou a dor que existe por si mesma, fora de qualquer convenção.
Eu sou a dor que quanto mais se afaga mais se aninha.
Sou a dor mais teimosa, e a teimosia mais doída.
Eu sou o maior sinônimo de mim mesma.
Eu nunca venho desacompanhada.
Nunca deixo um ser ileso.
Nunca fui simples, nunca serei.
Nunca passei sem deixar rastros.
Nunca cheguei com aviso prévio.
Eu sou “DOR” no sentido mais intrínseco da palavra e do sentir.
Eu sou a dor de amar.
- Você me faz muito mal.. Vai embora por favor.
- Desculpa, mas você não me deixa ir por que sou sua única companhia agora.
Tanny Pontes
Gostaria de entender por que um ser racional alimenta tanto uma dor, um sentimento auto-destrutivo, consciente dos possíveis resultados não desejados. Talvez não sejamos tão racionais assim. Nós o nomeamos, estudamos, catalogamos, exploramos, escrevemos livros sobre ele, no entanto somos reféns de todos os seus males.
Gostaria de entender como um sentimento, logicamente abstrato,como esse, assim sem forma, sem limites físicos, fere tanto a alma e ainda descontente com os estragos deixados, chega a machucar no corpo,ferir a carne. Às vezes posso jurar que o amor me belisca, e que quanto mais meu corpo se adapta a isso, mais ele dilacera, martela, agride de todas as formas imagináveis. Quer testar meus limites. Todos eles. Não seria o amor, um objeto de tortura?
Provavelmente seja psicológico.. mas quando sofro de amor, meus sistema imunológico parece desmoronar como um castelo de areia.. na mesma rapidez dos meus planos desfeitos. Dói cada pedacinho do meu corpo timidamente encolhido no menor espaço possível da cama. Dói não poder sumir, ou fazer alguém aparecer. Dói não saber o quanto se pode suportar, e estar a cada machucado mais perto do abismo. Dói respirar. Dói até pensar..
Como pode doer pensar? Só o amor mesmo tem essas coisas inexplicáveis, e essas dores silenciosas, que machucam sem deixar hematomas, e matam sem de fato matar.
Tanny Pontes
Não é questão simplesmente de não saber escolher. O fato é que realmente eu devo ter o dedo podre pra isso. Não funciona. Vou direto às que vem com defeito de fábrica. Parece que elas me chamam, prendem a atenção, como uma propaganda enganosa que enche os olhos do espectador, pra logo em seguida frustrar todas as expectativas sem o mínimo pudor.
Quanto maior a minha certeza de que fiz a escolha certa, maior é a decepção. É totalmente proporcional, e acontece vezes e mais vezes seguidas.
Cansei de escolher.
Vou apenas deixar que me escolham. Ou não.
E aceitar minha condição de solidão.